Doce Paz

Você deve pensar que viver na minha época é muito assustador. Deve pensar que também é muito emocionante. Confesso; viver na minha época é assustadoramente emocionante.

Tenho dezessete anos e parei de ir à escola faz três meses. Por quê? As pessoas de lá jogam lixo em mim, batem-me, ignoram-me, caçoam-me. Por quê? Porque sou cristã.

Ah, então você já sabe em que época eu vivo. Sim, vivo na era apocalíptica. Nesta era, cristãos são completamente maltratados, e os que rejeitam a adorar Lúcifer são humilhados e mortos.

Mas não pense que Lúcifer é visto como o senhor do hades. Aqui ele é visto como o salvador da humanidade, aquele que trouxe a paz para a Terra.

Há três meses também participava de um grupo de sobreviventes; estou sozinha no mundo, fiquei órfã porque meus pais foram mortos por crerem em Jesus como Salvador. Nós vivíamos em esgostos da cidade, só saíamos na rua sob a luz da Lua. Todos os dias oravamos e compartilhávamos da Palavra de Deus, mesmo escondidos, pois a Bíblia, por ser considerada um risco à Lúcifer fora proibida para a humanidade. Sou muito grata aos líderes do grupo: Samantha e Robert Willians, um casal de pastores que me ajudaram sempre em que precisava. Com certeza os dois estavam honrando ao Senhor.

Agora me encontro no "covil" de Lúcifer. Por quê? À noite, quando estávamos pegando restos nos lixos para comermos, fomos pegos por policiais dele, e ao verem que não tínhamos a marca - marca da besta -, levaram-nos para a prisão, onde ficavam os "rebeldes".

Os policiais nos levaram para o campo de execução. Era um lugar enorme, no qual haviam várias trincheiras cheias de cadáveres; estes eram o povo de Deus. O cheiro era muito ruim por causa da decomposição dos corpos, devido à isto os seguidores de Lúcifer usavam máscaras para comseguirem respirar. Estávamos algemados e ajoelhados no meio do local, tínhamos sido humilhados e espancados. Eu não conseguia enxergar com um dos olhos, sentia muita do nas costelas e tive sorte de não ter sido violentada como Samantha fora. Além de ser estuprada na frente do marido, enfiaram uma caneta no ouvido dela fazendo-a perder a audição, e também bateram muito nela. Já Robert estava quase morto, sangrava muito e quase não podia falar.

Eu pedia forças a Jesus, pois sentia que meu fim estava chegando. E no súbito silêncio daquele campo pude ouvir passos. Ergui com dificuldade minha cabeça para ver quem era, mas o policial abaixou-a violentamente. Não pude ver quem era, mas quando ouvi sua voz pude reconhecê-la. Sim, era ele.

Lúcifer perguntou mais uma vez para nós quem era o Senhor e Salvador de nossas vidas. Os policiais ergueram nossas cabeças com muita grosseria, para que pudéssemos ver o homem a nossa frente. Nós com convicção e certeza respondemos: Jesus Cristo, o unigênito de Deus. Pude ver a ira nos olhos de Lúcifer, ele mordeu o lábio inferior com tanta raiva que até sangrou um pouco. E depois de nos chamar de tolos deu ordens para sermos mortos. Os policiais apontaram as armas para nossas nucas e contaram até dez bem devagar.

Senti um frio na espinha, uma lágrima rolar no meu rosto e uma brisa suave. Eu iria me encontrar com o Senhor dos senhores, o Rei dos reis. Eu iria me encontrar com Jesus. Eu agradeci a Deus por honrar o nome de Jesus, por Ele me dar forças para aguentar, pelo meu sofrimento neste mundo acabar. Não estava mais ligando para nada neste mundo.

Pude ouvir o tão esperado dez e logo depois senti uma tremenda paz... Eu estava com Jesus para todo o sempre.